Em desafio à Tesla, montadoras lançam rede de carregamento de veículos elétricos nos EUA

26 de julho (Reuters) - Sete grandes montadoras disseram na quarta-feira que estavam formando uma nova empresa para fornecer carregamento de veículos elétricos nos Estados Unidos, em um desafio à Tesla (TSLA.O) e em uma tentativa de aproveitar as vantagens dos subsídios do governo Biden.

O grupo inclui General Motors (GM.N), Stellantis (STLAM.MI), Hyundai Motor (005380.KS) e sua afiliada Kia, Honda (7267.T), BMW (BMWG.DE) e Mercedes Benz (MBGn.DE). ) – marcas que representam cerca de metade das vendas de veículos nos EUA, mas uma pequena parcela do mercado de EV dominado pela Tesla.

A incomum coalizão de concorrentes – que, segundo alguns advogados, pode levantar preocupações antitruste – disse que a nova joint venture pretende lançar 30 mil carregadores na América do Norte, começando nas principais rodovias e nas cidades.

As montadoras não especificaram quanto investiriam individual ou coletivamente, mas disseram que estariam abertas a investimentos adicionais ou à participação de outras empresas, inclusive de fora da indústria automobilística. O nome do empreendimento não foi anunciado.

“O investimento será muito menor através desta parceria do que na construção de redes de carregamento individuais”, disse Akshay Singh, sócio da consultoria PwC Strategy&. "Eles também controlam a experiência do cliente e coletam dados."

Existem mais de 30.000 máquinas de carregamento rápido em todo o país. Cada um pode custar entre menos de US$ 100.000 e mais de US$ 200.000 para as versões mais poderosas.

Executivos da indústria familiarizados com o custo dos carregadores disseram que o estabelecimento deste empreendimento poderia custar vários bilhões de dólares.

A Casa Branca elogiou o acordo.

“Acreditamos que este é um importante passo em frente”, disse a secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre. “Está criando novos empregos sindicais para instalação e manutenção.

A administração Biden estabeleceu a meta de atingir 500.000 carregadores até 2030, um aumento de quase quatro vezes.

A Tesla, que representou mais de 60% das vendas de veículos elétricos nos EUA no ano passado, tem a maior rede de carregadores rápidos, com quase 18.000 Superchargers.

A Tesla disse no início deste ano que abriria parte dessa rede de carregamento para VEs de rivais, a fim de ser elegível para uma parte do financiamento de US$ 7,5 bilhões em subsídios federais.

A liderança da Tesla na construção de uma rede de carregadores deu-lhe influência no estabelecimento de padrões, algo que os rivais veem com preocupação.

O CEO da Stellantis, Carlos Tavares, fala durante um discurso de abertura da Stellantis na CES 2023, uma feira anual de eletrônicos de consumo, em Las Vegas, Nevada, EUA, em 5 de janeiro de 2023. REUTERS/Steve Marcus/Foto de arquivo/Foto de arquivo

GM, Mercedes e outros assinaram contrato para adotar a tecnologia de carregamento desenvolvida pela Tesla a partir de 2025.

A GM disse anteriormente que poderia economizar US$ 400 milhões ao obter acesso à rede da Tesla. Na quarta-feira, disse que o novo empreendimento fazia parte de seu esforço para reduzir custos e “não mudará os compromissos ou colaborações existentes da GM”.

As outras montadoras – Stellantis, Hyundai, Honda e BMW – não se comprometeram com a tecnologia Tesla conhecida como North American Charging Standard (NACS) e têm planos de produtos que dependem de um rival conhecido como Combined Charging System (CCS).

A nova empresa de cobrança suportará ambos os padrões de cobrança, mas competirá com a rede da Tesla.

Os CEO das sete marcas de automóveis disseram que uma rede de carregamento construída como postos de gasolina com banheiros, serviços de alimentação e operações de varejo apoiaria uma implementação mais rápida de veículos elétricos.

As montadoras, no entanto, não têm os eletricistas necessários ou a experiência de trabalho com varejistas, disse Andres Pinter, co-CEO da empresa de instalação e manutenção Bullet EV Charging Solutions.

"Não será fácil para as montadoras recuperar o atraso", disse ele. "Mas eles têm muito dinheiro para investir no problema e deveriam terceirizar esse trabalho."

O novo empreendimento também competiria com empresas de cobrança estabelecidas, incluindo Electrify America da Volkswagen (VOWG_p.DE) e EVGo (EVGO.O).

Autoridades da indústria disseram que o novo empreendimento pode ser estruturado de forma semelhante à Ionity, que foi fundada em 2017 na Europa e conta com VW, Daimler, BMW, Ford e Hyundai como membros.